POEIRA
História canhão 21 | 015900
Assim como o canhão 3 (cheiro de mata 015916) essa colubrina equipou o Real Forte Príncipe da Beira hoje em ruínas na margem do rio Guaporé em Rondônia, Brasil. Esse Forte, considerado o monumento mais antigo do estado, foi construído em 1783 por um engenheiro e auxiliar de infantaria italiano que morreu durante a construção vítima de malária, doença que atingiu muitos daqueles que participavam da obra.
Na Proclamação da República em 1889 o forte foi abandonado gerando um intenso processo de sucateamento e esquecimento. No início do século XX, a edificação foi "redescoberta" pelo militar e sertanista Marechal Rondon. Em 1937 o exército enviou o sétimo batalhão de fronteira e em 1950 o forte foi tombado historicamente que certamente é o maior marco na colonização dos Vales da Madeira e Guaporé. Atualmente, é ocupado pelo 1º batalhão especial de fronteira.
Hoje, a comunidade que habita os arredores do Forte descende dos negros e índios escravizados que construíram a fortaleza.
O exército reclama a posse das terras alegando área de segurança nacional. Segundo relatos das lideranças da comunidade, no mini doc 'Aquarteladas', remanescentes de quilombolas, os militares impedem que eles desenvolvam agricultura familiar, ameaçam a desocupação e não estabelecem diálogo com os habitantes.
Se existe uma ameaça visível de apagamento histórico-cultural desses povos, é necessário valorizar suas manifestações, costumes e também suas histórias. Até hoje, segundo o pesquisador Sílvio do Nascimento, a cultura local destas comunidades ribeirinhas ainda é recheada de histórias que inspiram o mistério do forte. As duas relatadas por Nascimento envolvem assombrações, aludindo ao sofrimento dos escravos que levantaram o Forte.
As narrativas do imaginário popular possibilitam criar maneiras de enraizamento cultural-histórico. Portanto, ao valorizar a relação com o espaço que se vive, constrói-se o ser-histórico capaz de revisitar, compôr e afetar os cursos de uma História plural, heterogênea e generosa.
cheiro Poeira
O cheiro de poeira carrega a memória das fortalezas destruídas pelas invasões. Ele penetra o nariz provocando coceira. Sua textura é arenosa criando um desconforto físico na garganta. Quantas moradias, fortes, edifícios foram destruídos desde o início da colonização?
Um cheiro que nos traz memórias poeirentas da
história brasileira.
Essa página conta a história do canhão e suas
relações com cheiro Poeira.
As perguntas a seguir são pontes entre você e a História,
você e suas memórias, passado e presente.
Sua contribuição é muito importante na
construção coletiva desse vocabulário olfativo.