


JOSELY CARVALHO
multimedia artist



ILUSÃO
História canhão 37 | 015884
Esse canhão de bronze de boca achatada foi o primeiro fundido pelo Arsenal de Guerra da Corte, na antiga Fundição da Ponta de Areia em Niterói. É apelidado carinhosamente
de “Garoto” devido ao formato de sua boca ser semelhante
ao confeito “pastilha garoto”, produzido pela fábrica de chocolates “Garoto” em Vila Velha, Espírito Santo.
O corpo da peça tem um formato aproximadamente retangular com ângulos adoçados, as molduras dos reforços são lisas, sem decorações. Não se sabe ao certo a função proposta deste canhão de experiências, mas certamente nunca participou de uma batalha. Na criação do Museu Histórico Nacional, foi trazido para incorporar o acervo
de canhões.
Dentro da História, muitas informações são incertas e provindas de interpretações de documentos deixados por aqueles que passaram. A necessidade de valorizar e
registrar a cultura que vivemos se tange na razão de nos reconhecermos como seres históricos produtores de conhecimento. O apagamento e a invisibilização de povos
e culturas promove a perda de futuras interpretações sobre
as numerosas facetas do mundo que vivemos.
.
cheiro Ilusão
Um cheiro inquietante, com notas terrosas, amadeiradas
e salgadas. Barro sujo, cheiro licoroso, álcool, excessos de vanilla. Ilusão. Um chipre floral, mas masculino, com gerânios, musgo de carvalho e notas âmbares e sândalo aveludado. Intensos toques de patchouli e tuberosa aproximam este cheiro da terra, enquanto notas de civete
o deixam intenso.
Uma mistura perturbadora reproduz os cheiros de vômito com terra, madeira e leite. Pica o nariz e torna-se amargo. Seus talos verdes parecem plantas esfregadas na terra, com cheiros indólicos. E um cheiro que joga com a ilusão do que este canhão poderia ter sido, já que existem comentários históricos que este pequeno canhão nunca participou de uma batalha.
Essa página conta a história do canhão e suas
relações com cheiro Ilusão.
As perguntas a seguir são pontes entre você e a História,
você e suas memórias, passado e presente.
Sua contribuição é muito importante na
construção coletiva desse vocabulário olfativo.